1 - TURÍBIO VAZ DE ALMEIDA
Naqueles idos de 1866, apareceu na fazenda do Sobrado (naquele tempo um sertão bruto), vindo das bandas de Piracicaba e do Tietê, um Sr.Joaquim Vaz de Almeida. Era muito moço. E vinha se esconder do “voluntariado” para a guerra do Paraguai. Carapina dos bons, foi contratado para construir senzalas nas fazendas que estavam sendo abertas nesta zona do Estado. O homem escravo, canalizado de outras zonas, vinha povoar as senzalas, que logo mais iriam se despovoar. A fazenda Sobrado, verdadeiro latifúndio era propriedade do Senador Souza Queiroz. Depois de 1870, Joaquim Vaz de Almeida passou a trabalhar na fazenda Santa Rosa ( logo adiante da fazenda dos Moura ). E lá se casou com Joana Vaz de Almeida. Desse casamento, aos 07 de fevereiro de 1877, nasceu o menino Turíbio. E depois a menina Leopoldina. Esta, foi a mãe do famoso Zé Carabina, pedreiro muito conhecido, e mais conhecido ainda, como jogador de futebol. Era dono de um chute formidável, parecendo ter um canhão nos pés. Com a mudança da família para Botucatu, o menino Turíbio, aos quatro anos de idade começou a frequentar a escola dominical, escola protestante do missionário Landes, norte–americano. Data daí, seu ingresso na comunidade evangélica de Botucatu. Entre os colegas desse tempo, tem lembrança da mãe dos meninos Oscar e Elias Machado de Almeida, que foram Engenheiros e figuras de projeção nos meios políticos e culturais do Estado de São Paulo. Foi colega, também, de dona Garibaldina Pinheiro Machado, que se formou Professora e casou-se com o Prof. Benedito Maria Tolosa, primeiro Inspetor Escolar na zona. Aos 7 anos de idade, Turíbio matriculou-se na escola primária de Manéquinho Mestre ( Manoel Theodoro de Aguiar ), onde, de 1885-1887, foi colega de meu saudoso pai Sebastião Pinto Conceição. Deixando a escola, foi aprender o ofício de Seleiro. Seu mestre foi Salvador Benedito da Silva, o conhecido Salvador Seleiro. Mais tarde se estabeleceu por conta própria, negociando e trabalhando no gênero por largos anos. Só parou em 1907, quando mudou-se para São Manuel e posteriormente para São Paulo. Aos 19 anos de idade, Turíbio Vaz de Almeida, casou-se com a finada Marcelina de Paula Campos, pupila de Miguel Cioffi. Desse consórcio teve os filhos: Gersei, Ana, Leôncio, Odilon, Joana, Maria, Josefina, Marta, Abnez, Barthimeu e Damáris. Esta última, faleceu em São Francisco na Califórnia ( Estados Unidos da América do Norte ), onde residia, no dia 29 de março de 1970. Seu corpo foi transportado para São Paulo, por via aérea, sendo dado à sepultura no dia 04 de abril próximo findo. Golpe terrível para o pai amantíssimo. Barthimeu Vaz de Almeida foi meu contemporâneo na Escola Normal de Botucatu. Formado Professor Normalista, não ingressou no magistério. Por concurso, foi para o funcionalismo público do Estado de São Paulo. Fez brilhante carreira e aposentou-se como alto funcionário da Secretaria da Fazenda. Reside em Jaboticabal onde é cidadão de escol. Ausente da cidade, Turíbio não se esqueceu da terra querida. Vinha visitá-la com frequência, até que se aposentou, em 1946, como funcionário da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Resolveu então mudar-se para Botucatu, o que fez em 1958. Reside na rua Dr. Cardoso de Almeida, número 1076, na casa que foi de Nhôzinho Góes. Já então, em segundas núpcias, estava casado com dona Esmeraldina Buarque de Almeida. Aos 93 anos de idade, Turíbio Vaz de Almeida é um moço. Jovem de corpo e espírito. Sua lucidez é impressionante. Sua memória é o arquivo onde vou buscar o material para as estórias de Botucatu ( não sou historiador ). Narrador fiel e imparcial das coisas de minha terra, tenho-o na conta de um dos grandes cidadãos botucatuenses. Pela sua conduta inatacável. Pela sua fé, como bom cristão. Pelo seu espírito de solidariedade. Pelo seu senso de equilíbrio. Pela maneira de se conduzir, no lar, na igreja e na sociedade. Pobre de pecúnia, mas rico de predicados morais, o meu amigo Turíbio, é um dos homens bons da minha terra. Na sua longa vida, nestes 93 anos de idade, viu, ouviu e sentiu muita coisa. Viu a cidadezinha sertaneja e mal afamada, crescer, civilizar-se, prosperar e transformar-se numa linda e educada cidade, justificando o lema:- “Cidade dos Bons Ares e das Boas Escolas” e da boa gente, também. Conheceu Botucatu do fim do Império e dos primórdios da República. Conheceu os homens bons que fizeram a grandeza da centenária Ibiticatu. Viu, também, muita coisa feia e atos deploráveis, que ele critica e analisa com isenção de ânimo, com justiça e sabedoria. ( Correio de Botucatu - 21/05/1970 )
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