20 - TOTÓ PEDRO

  

          Eu sempre disse, que os mineiros influíram grandemente no povoamento e desenvolvimento de Botucatu.  Os Assis  Nogueira, Cruz Pereira, os Costa, Tito Correa de Mello (era de São Paulo), os Villas Bôas, Cel. Fonseca, Domingão, os Ribeiro, eram gente das Gerais. Mineirada boa. Bandeirante como os paulistas. Um exemplo dessa afirmativa, é o caso da família Ribeiro, gente de Juiz de Fora (MG), que antes de 1860 fazia política em Botucatu. Os Ribeiro, eram aparentados com José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência.

          Compulsando os livros da Câmara Municipal de Botucatu, verifica-se que Francisco Bonifácio Ribeiro ( tio do conhecido Totó Pedro ), já em 1857, era Vereador em Botucatu.

           Em 1860, mais ou menos, chegava aos sertões de Botucatu, o cidadão Antonio Pedro Ribeiro ( casado com dona Catarina de Sena Magalhães ) Gente de Juiz de Fora. Aqui formaram fazendas. E aqui nasceram os filhos Antonio, Abílio e João Baptista, e ainda outros, cujos nomes nos escapam. Antonio, filho, mais conhecido como Totó Pedro, tornou-se figura quase lendária, como verdadeiro patriarca que foi.

          Antonio Pedro Ribeiro ( Totó Pedro ), nasceu em Toledo, município de Botucatu, em 1866, mais ou menos ( naquele tempo não havia Registro Civil ). E veio a falecer, em Botucatu, no dia 7 de dezembro de 1959, contando 93 anos de idade. Deixou enorme descendência. Foi pai de trinta filhos, dos quais dezessete são vivos. Netos, bisnetos, trinetos e tetranetos, são sem conta.

          Totó Pedro casou-se duas vezes. Do seu primeiro matrimônio com dona Cândida da Conceição Correia da Silva, nasceram dezesseis filhos, dos quais vivem os de nome José, Maria, Ana, João, Pedro e Rita. Todos estes estão vivos, com exceção de Maria, que foi fulminada por um raio, não há muito tempo.

           O sogro de Totó Pedro – José Francisco Correia da Silva – “O Correinha” e sua esposa Cândida Conceição Correia da Silva, eram fazendeiros e velhos moradores de Botucatu. “Correinha”, em 1861 foi Vereador em Botucatu. À mesma Câmara, no ano de 1862, pertencera o velho Antonio Pedro Ribeiro, pai de Totó Pedro.

          Do segundo matrimonio do patriarca botucatuense, com dona Brazília Maria Alves da Conceição ( filha de João Alves Barreto e da. Ana Barreto, falecidos ), nasceram quatorze filhos. Cresceram onze,  todos vivos e que são os seguintes: - Isabel, viúva de Scillas Pacheco; Manoel, Antonio, Alice, casada com Abílio de Oliveira Campos; Paulo, Jair, Joaquim, Scillas; Céres, casada com Clóvis Batista Alves; Carmen, casada com Francisco D. Folco e Ruth, casada com Arlindo Crésti.

           Fazendeiro desde 1891, era dono da fazenda “Vira Machado”, sendo conhecido agro-pecuarista. Sempre residiu em sua propriedade agrícola (aquém da Fazenda Estrela),  no Distrito da Prata. Uns poucos anos antes de sua morte é que se transferiu para Botucatu, quando então fui seu médico assistente. Já bem velho e doente, conserva lucidez perfeita, contando fatos e coisas da sua longa existência.

          Totó Pedro tinha um irmão, o Capitão João Baptista Ribeiro, que foi político influente no município de Botucatu. Foi o fundador do Distrito de Pratânia ( antiga Prata ), do qual era Chefe inconteste. Pertencia ao velho PRP. Da ala amandista. Era conhecido como Chefe dos “gafanhotos”, em contraposição aos cardosistas, que eram os “carrapatos”.

          Totó Pedro, apesar da sua grande família e das relações de amizade, não queria saber de chefias. Ele e seu irmão Joaquim Pedro Ribeiro ( residente em Toledo ), também eram “gafanhotos”, apenas por solidariedade ao irmão.

          A família do Capitão João Baptista  era católica. Foi o Capitão que deu os sinos da igreja da Prata. Nos velhos bronzes, ainda se podem ler as iniciais J.B.R., assinalando a doação do velho chefe. Com o tempo, os Ribeiro (como me disse um dos filhos do Totó),  conheceram o Evangelho. E tornaram-se crentes. Protestantes presbiterianos. Tenho a impressão de que esse movimento espiritual, foi trabalho dos Reverendos Francisco Lotufo e Coriolano Assumpção, velhos pregadores do Evangelho nestas paragens do UVUTUCATU.

         Os descendentes do honesto e prestativo patriarca,  andam por aí, no desempenho dos mais variados misteres. Parece-me que nenhum deles se meteu em política. Pelo menos no presente, é o que se verifica.

         No dia 2 do corrente mês, finou-se nesta cidade a viúva de Totó Pedro, dona Brazília Ribeiro.

( Correio de Botucatu - 06/08/1970)

 


 
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