50 - NHÔ QUIM FERREIRO
Homem bom era Joaquim Custódio de Brito. Ou melhor, era o Nhô Quim Ferreiro. Pouca gente o conhecia pelo nome próprio. Mas, pelo apelido, advindo de sua profissão, era homem dos mais conhecidos do velho Botucatu. Natural de Piracicaba, onde nasceu em 1836. Chegou a Botucatu por volta de 1860. Isto aqui, era uma vilinha, que ele viu crescer, progredir, civilizar-se. Sua morte ocorreu em 1920, quando contava 84 anos de idade. Joaquim Custódio de Brito, casou-se na cidade de Rio Claro, muito moço, com Francisca Maria de Jesus. E logo botou-se p’ra Botucatu, que era afamada como lugar novo. Onde o dinheiro corria fácil. E todo mundo enriquecia. Nhô Quim Ferreiro ( alguns até falavam em Quim Ferreira ), montou sua tenda e começou a trabalhar. Criando a filharada que foi aparecendo, e que ao fim da vida, era a seguinte: Marcelina, Maria e Antonio que faleceram solteiros; Gertrudes, a Tudica, que foi casada com Caetano Conceição Cunha, em primeiras núpcias, e com Gustavo Maloper, em segundas núpcias; Israel, Boanerges, José, João e Virginia, falecidos; e Ana Rita, residente em Botucatu. Nhô Quim Ferreiro, era tipo de homem padrão. Pela sua honestidade, retidão de costumes, coragem e qualidades de amigo leal e devotado. Naqueles tempos duros, de violências e aventureirismo, Nhô Quim Ferreiro se impôs como cidadão de real valor, digno do respeito e consideração do povo. Contava-se que, naquele tempo, não havia bancos ou casas bancárias na zona. Era ele que guardava o dinheiro que cometas ou negociantes fortes, deviam enviar a Sorocaba, ou São Paulo, para as casas atacadistas. Meu avô, o Capitão José Paes de Almeida, conforme já escrevi, era o próprio que levava o dinheiro. Dessa relação de trabalho, de vizinhanças e de confiança, surgiu grande amizade entre os dois, o que levou Nhô Quim Ferreiro a se tornar compadre de José Paes. Até dinheiro em ouro, em libras esterlinas o humilde ferreiro guardava para o milionário Felipe dos Santos. Foi ,também, Inspetor de quarteirão. O sogro de Nhô Quim Ferreiro, foi Pedro Ribeiro Homem. Era violeiro afamado. Considerado o maior do Estado de São Paulo. Tocava para gente importante. Certa vez, no palácio do Governo de São Paulo, tocou para o Imperador Dom Pedro II ouvir. Foi um sucesso. No fim da noitada, nas cartolas dos figurões, para o caboclo violeiro, foram contados mais de cem mil réis, uma grande quantia na época. Essa bossa para a música, revelou-se mais tarde nos filhos Israel, João e José Brito, que foram músicos, sendo que Israel foi seresteiro afamado, entre os normalistas de 1914-1920. Nhô Quim Ferreiro residiu sempre na rua Curuzu, no prédio onde funcionou, depois, o Banco Francês e Italiano, o Banco do Botti. Joaquim Custódio de Brito, foi um nome em Botucatu. Sua filha Tudica, depois de ficar viúva de Caetano Conceição Cunha ( família tradicional ), de quem teve o filho Alberto, casou-se com Gustavo Malopeu,que depois se mudou para Bauru. Deixou os filhos: Benedito, Lahire e Peluche. Israel de Brito, que foi Ferroviário, ao falecer, deixou os filhos, Eugênia, Professora, e Francisco José, este, Diretor de Ginásio Estadual em Marília. Boanerges, faleceu em Santa Cruz do Rio Pardo, onde residia, deixando oito filhos. José de Brito e João de Brito, ao falecerem, deixaram, respectivamente, nove e seis filhos, quase todos residentes em Botucatu. José, alfaiate, foi casado com Marietina, e João, ferroviário,deixou viúva da. Sinhára. Virginia de Brito, casou-se com José Inocêncio Moreira, ambos falecidos. José Moreira, foi figura,muito conhecida em Botucatu e depois na média Sorocabana. Lavrador e fazendeiro, militou na política, em Botucatu e Bernardino de Campos. Chefe de numerosa família, pesava nas decisões da política local. Foram seus filhos: Ademar, Farmacêutico, Flavio, Paulo, Jarbas, falecidos; João e José, cirurgiões dentistas; Leônidas, fazendeiro; Cerina, casada com o Sr. José (Géca) Pires de Campos; Euthymia, falecida, que foi casada com Atílio Venditto e Ana Rita, residente nesta cidade. Ana Rita de Brito Casalenuovo, reside em Botucatu. Aos noventa anos de idade, numa lucidez impressionante, conta coisas da sua gente e do Velho Botucatu, que fazem a delicia dos ouvintes. Foi casada em primeiras núpcias com Rosário Casalenuovo. Em segundas núpcias, consorciou-se com o cunhado Bernardo Casalenuovo, isto quando morava em Salto Grande, em 1915. São seus filhos: Hernando, Contador, falecido; José, Bancário; Jayme, Contador; e Rosário, Contador, residente em Presidente Bernardes. ( Correio de Botucatu – 31/01/1971 )
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