55 - CORONEL CAETANO DA CUNHA CALDEIRA
Figura das mais importantes do velho Botucatu, foi o Coronel Caetano da Cunha Caldeira. Homem de rara envergadura. Lutador. Dono de grande prestígio eleitoral. Dos Cardoso, era o maior trunfo no jogo político da época. Seus feitos, sua atuação, durante largos anos polarizaram a vida da comunidade local. Natural de Piracicaba. Era filho do casal Maria e Agostinho da Cunha Caldeira. Este, foi político ( Vereador de 1880/1882 ). Faleceu aos 10 de junho de 1893, estando sepultado na necrópole local. Um outro da família, Tenente João Baptista da Cunha Caldeira ( casado com Maria Delphina Gomes Pinheiro Machado, filha do Capitão José Gomes Pinheiro e Anna Florisbella Machado de Oliveira e Vasconcellos), foi Vereador em várias legislaturas – 1869 a 1870; 1882 a 1885 – tendo presidido a Câmara Municipal várias vezes. Caetano da Cunha Caldeira teve vida movimentada. Muito ativa. No começo, foi “cometa”. Percorria as cidades sertanejas, com sua comitiva bem aparelhada, representando firmas atacadistas de São Paulo. Depois, estabeleceu-se com casa comissária – representações, vendas e consignações, etc... casou-se então, com dona Francisca de Souza Aranha, filha do casal Coronel Rodrigo Dias Ferraz Aranha e Izabel Franco de Arruda.Entrementes,gerenciava as grandes fazendas de café “Monte Selvagem” e “Morro Vermelho”. O homem prosperou. Com o tempo, tornou-se fazendeiro. Foi dono da fazenda “Matão”, que acabou vendendo a Evaristo de Arruda Campos. Teve uma propriedade agrícola em Itatinga, que vendeu. Ficou só com a fazenda da Prata, ainda hoje na posse de seus herdeiros. Dando azos ao seu temperamento dinâmico e à bossa comercial, andou negociando com tropas soltas. Tornou-se largamente relacionado e conhecido na zona. Como não podia deixar de ser, meteu-se em política. Era o braço direito dos Cardoso. Republicano, logo após o 15 de novembro de 1889, começou a dar cartas no município. Por ato do Governo Republicano, todos os prefeitos e vereadores, tiveram seus mandatos cassados. E, para substituí-los na direção das comunas, criaram-se os Conselhos de Intendentes, onde o moço político figurou, isto em principio de 1890. Depois,a coisa ferveu. Em abril de 1891, o Governador de São Paulo, Dr. Américo Braziliense foi deposto. E em seu lugar, assumiu a governança do Estado, o Dr. Cerqueira César ( sogro de Júlio Mesquita , Diretor do jornal “O Estado de São Paulo”). O Conselho de Intendentes de Botucatu, foi destituído. Os conselheiros Alberto Pereira, Alberto de Araújo, Reverendo João Ribeiro de Carvalho Braga, Dr. Guilherme Von Giesler e Brazil Gomes Pinheiro Machado, foram substituídos. Só se salvaram Caetano Caldeira e Dr. Rafael Ferraz de Sampaio, que passaram a fazer parte do novo Conselho. Este, não pode ser empossado. Não havia em Botucatu, autoridade que legalmente pudesse lhe dar posse. E, por isso, foi o Juiz de Direito de São Manuel que empossou Caetano Caldeira e companheiros nos mandatos recebidos. ( Vide Hernâni Donato, em ACHÊGAS PARA A HISTÓRIA DE BOTUCATU, pg.91 ). Em 1892, Caldeira foi Intendente Municipal ( Prefeito ) e Vereador de 1893 a 1895. Era o Chefe, de fato. Que mandava em Botucatu. Apoiado pelo Deputado Federal e Secretário de Estado, o Dr. José Cardoso de Almeida ( Juca Cardoso ). Em 1902, o Governo da República criou a Guarda Nacional. A respeito, Hernâni Donato em seu apreciado livro, já mencionado, assim se expressa: - “ O pródigo 1902, foi o ano áureo da guarda nacional botucatuense. A 6 de março, foi criada uma brigada de Infantaria com sede na cidade. Caetano da Cunha Caldeira, nomeado seu Comandante empenhou-se com tanta fúria, que logo em abril pode estruturar este numeroso Estado Maior :- 19 Alferes, 11 Tenentes, 7 Capitães, 1 Major e 2 Tenente Coronéis. No mês seguinte, a 5, Cunha Caldeira organizou de vez o Batalhão de Infantaria da Comarca, o 109 BTL, dando-lhe por Comandante, o Tenente Coronel Matheus Gomes Pinheiro Machado. Em compensação, a 27 de novembro, o mesmo Cunha Caldeira era proclamado Chefe Supremo da Guarda Nacional Botucatuense”. Passara a ser o Coronel Caetano da Cunha Caldeira. O Coronel Caetano, era de uma habilidade política excepcional. Conta Turíbio Vaz de Almeida, que com ele privou de perto, que numa eleição dura, pleiteada ao extremo, ele conseguiu dar a vitória aos Cardosistas, quando conseguiu com habilidade e diplomacia, os votos do fazendeiro Francisco Antunes, para sua facção. Enquanto o Major Góes,nos seus costumeiros rompantes, dizia que a vitória fora sua, fruto do seu prestigio, o Coronel, sorrindo, só dizia:- “ foi minha habilidade,foi meu trabalhinho diplomático, que deu a vitória, virando o Chico.” O Coronel Caetano Caldeira, em 1908 ou 1909, desgostoso com os irmãos Nenê e Custodinho Cardoso, que torpedearam sua pretensão de ser o Diretor-Gerente da Companhia Paulista de Força e Luz, recém-fundada ( nomearam o Engenheiro Manfredo Costa ), retirou-se para São Paulo. Na Capital, para desagravá-lo e prestigiá-lo, o Dr. Juca Cardoso, nomeou-o Diretor do Instituto Correcional de Menores. Depois, como aquela burocracia não lhe agradava, o Coronel Caetano deixou o serviço público. Foi nomeado Diretor da Companhia Paulista de Comércio e Navegação, da qual Dr. Juca Cardoso era um dos chefes. O Coronel Caetano da Cunha Caldeira faleceu na Capital. Deixou os filhos: Caetano, Clodoaldo e Maria, vivos, sendo que Sebastião, Silvio e Corina, falecidos. Clodoaldo Caldeira, esportista de renome no passado, futebolista internacional, fiscal do consumo aposentado, reside na Prata, na fazenda dos Caldeira. ( Correio de Botucatu – 11/03/1971 )
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