66 - OS IRMÃOS ZANOTTO
Figuras muito conhecidas no velho Botucatu, eram os Zanottos. Seis irmãos. Quatro homens e duas mulheres. Italianos. Que, por volta de 1890, já estavam no Brasil. E no estado de São Paulo escolheram Botucatu. Trabalhando nas lavouras de café, buscavam um lugar ao sol. Vencidos os primeiros tempos, de durezas sem conta, amealhadas as primeiras economias, vieram para a cidade. Já no princípio do século, encontramos os irmãos Ricardo, Guilherme, Guido e Hermenegildo Zanotto, estabelecidos no comércio. E depois, na indústria. Prosperando. Enriquecendo. Tornando-se pessoas de destaque na colônia italiana e na sociedade botucatuense. Com o tempo, se tornaram cidadãos botucatuenses de fato, pela naturalização obtida. Hoje, todos falecidos, pode-se dizer que deixaram boa lembrança de homens trabalhadores, lutadores, progressistas e de visão, cidadãos estimados. RICARDO ZANOTTO, eu o conheci na vila dos Lavradores, como forte negociante. Sua grande casa comercial ficava na rua Major Matheus. Depois, por muitos anos, foi gerente da agência do Banco Ítalo- Brasileiro, do qual foi um dos fundadores. Faleceu em Botucatu, deixando muitos filhos e netos. GUILHERME ZANOTTO, foi negociante. Primeiro, na Venda Seca, ali na estrada da fazenda Lageado, pouco além da Boa Vista. Depois veio para a cidade. Estabeleceu-se na rua Amando de Barros,em prédio próprio que construiu, no atual número 342. Seus filhos – Victório, Roberto (Fininho) e Ângelo, foram meus colegas de grupo escolar. Alguns descendentes do velho Guglielmo residem em Botucatu. HERMENEGILDO ZANOTTO, o popular Gildo, era mais conhecido em Ourinhos e norte do Paraná. Quando Ourinhos começou a se projetar como notável centro comercial, já o Gildo estava lá. Estabelecido com grande casa atacadista. Gerente da Agência local do Banco Francês e Italiano. Esportista entusiasta. Presidente de associações de classe e de assistência social. Constituiu-se numa das alavancas do progresso ourinhense. Por isso, em sinal de gratidão, na cidade há uma rua com seu nome. Dizem que o boníssimo Gildo morreu pobre. GUIDO ZANOTTO, foi o que mais conheci. Velho companheiro de meu pai, nas duras lides agrícolas em Vitoriana. Na escola normal de Botucatu, fui professor de alguns de seus filhos. Quando Guido Zanotto requereu sua naturalização, há muitos anos passados, meu pai, o velho Sebastião Pinto Conceição, foi uma das testemunhas que afirmaram ter o requerente Guido, todos os requisitos para ser um ótimo cidadão brasileiro. Quando Guido Zanotto, faleceu, em Botucatu, aos 14 de junho de 1969(aos 89 anos de idade), o vereador Dr. Antonio Gabriel Marão, apresentou um requerimento de pêsames, que foi unanimemente aprovado. A justificativa desse requerimento, abaixo transcrita, diz bem quem foi o homenageado falecido em 14-06-1969: “Nasceu ele, em 1880, na Itália. Veio para o Brasil com oito anos de idade. A família fixou-se logo em Botucatu. Primeiramente na fazenda Vitoca. Depois, na fazenda de Manéco Conceição, (Conde de Serra Negra) em Vitoriana. Depois, passou a residir na cidade de Botucatu,no antigo bairro da Estação (Vila dos Lavradores). De sociedade com seu irmão mais velho, Ricardo, montou um armazém de secos e molhados. Desfeita a sociedade, em 1911, instalou-se com máquina de beneficiar arroz e café, na rua Galvão Severino. Foi nesse ramo que constituiu seu patrimônio. Foi membro da Associação Comercial e Tesoureiro da Comissão de Obras da Igreja Coração de Jesus. Foi vice-presidente da Casa Pia São Vicente de Paulo e do Asilo Padre Euclides. Foi membro da Sociedade Italiana de Beneficência. Integraram ele e seu irmão Ricardo, o grupo de fundadores do Banco Ítalo- Brasileiro. Sua dedicada esposa, dona Ida Beluzzo, de saudosa memória, faleceu em 1962. O feliz casal teve nove filhos: Virgílio, fazendeiro em Penápolis, casado com da. Nati Bittencourt; Prof. Joviano Ângelo, casado com da. Diva Dutra; Maria Cristina, casada com o Sr. Ítalo Trevisan; Pedro, fazendeiro, casado com da. Anecy Cruz; Prof. Deolindo, casado com da. Sofia Toledo; Profa. Maria, casada com o Prof. Aécio de Souza Salvador; Profa. Ana Lúcia, casada com o Dr. Adolfo Pardini Filho; Guido, comerciante casado com a Profa. Neyde Sanchez; Alice, casada com o Sr. Catão B. Pedroso. Deixou, ainda, 27 netos e seis bisnetos. Guido Zanotto foi um homem bom. Estimado por todos. Probo, Honesto, Trabalhador. Criou e educou numerosa família. Digna e honrada. Aliás, tudo o que fez e tudo o que conseguiu, deixou na terra que ele tanto amava; BOTUCATU“. Recebeu do Governo Italiano, em 14-9-1915, um diploma de Honra ao Mérito e Medalha de Ouro, pelos trabalhos em prol da cafeicultura. (CORREIO DE BOTUCATU, 17/06/1971)
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