68 - O CLÃ DOS PINHEIRO MACHADO
Os Pinheiro Machado, formadores de tradicionais famílias botucatuenses, constituem um verdadeiro clã. Aliás, a família é tão grande, tão numerosa, tão ramificada, que vamos encontrar seus membros nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e outras unidades da Federação. Pelas conversas que tive com dona Nini (Anna Angélica Pinheiro Machado, filha de Adolpho e neta do Major Matheus; dona Olinda Pinheiro Machado, filha de Leopoldina e neta do Capitão Manéco; Prof. Jorge Pinheiro Machado, filho de Gontran, neto de Adolpho e bisneto do Major Matheus; com o falecido Dr. Damião Pinheiro Machado, filho do Major Cosme e neto do Dr. Antonio casado com Maria Manoela de Oliveira Ayres, e outros membros da família, fiquei sabendo que dois ramos principais devem ser mencionados: o de São Paulo e o do Rio Grande do Sul, este se originando do tronco paulista. No Rio Grande do Sul, os Pinheiro Machado são muito numerosos e influentes. Há mesmo municípios com os nomes de “Pinheiro Machado” e “Venâncio Ayres”. O Dr. Venâncio Ayres, era de Itapetininga e ligado à família Pinheiro Machado (era irmão de Maria Manoela de Oliveira Ayres, casada com o Dr. Antonio, este filho do Capitão José Gomes Pinheiro e Anna Florisbella) . Desta, a maior expressão foi o General Pinheiro Machado (filho do Dr.Antonio e Maria Manoela, e neto do Capitão José Gomes Pinheiro e Anna Florisbella), gaúcho, Senador da República, Chefe do Partido Republicano Brasileiro e homem forte, que fazia e desfazia candidaturas presidenciais. O Senador Pinheiro Machado, ao seu tempo, foi o dono da política nacional. Em 1915, foi assassinado por um oposicionista fanático, o pernambucano Manso de Paiva Coimbra. Este, atocaiando o Senador, na porta do Hotel dos Estrangeiros ( no Largo do Machado, Rio de Janeiro ), matou-o com uma punhalada. Manso de Paiva, cumpriu 30 anos de cadeia. E, parece-me, ainda vive. Tenho a impressão de que a “Rua Pinheiro Machado”, em Botucatu, é uma homenagem ao famoso político. No Rio de Janeiro, os Drs. Dulphe e Antonio Pinheiro Machado, foram figuras de projeção na antiga Capital Federal. Ainda agora, pelo Estado da Guanabara, acaba de ser eleito Senador Federal, o jornalista Danton Pinheiro Jobim, que, pelo lado materno é dos Pinheiro Machado de Botucatu. Um outro Pinheiro Jobim, o Dr. José, é diplomata, acreditado junto ao Vaticano. Nestas evocações, vou me limitar ao ramo paulista. De preferência, focalizarei as famílias botucatuenses. E não são poucas. Por isso, muitos equívocos e omissões poderão surgir. Os informantes, da família, eles mesmos, sentem dificuldades para estabelecer a filiação da Pinheirada. Vou começar, hoje, pelo CAPITÃO JOSÉ GOMES PINHEIRO VELLOZO, FUNDADOR DE BOTUCATU É ele que dá nome ao Grupo Escolar “José Gomes Pinheiro”. Na história botucatuense, aparece como doador de 120 alqueires de terras para o Patrimônio da Capella de Nossa Senhora Sant’Anna para Criação da Freguesia de Sant’Anna de Botucatu. Isto em 23/12/1843, quando andava em litígio com os Costas. Na terra doada, deveria ser construída uma capela, cujo orago seria Sant’Anna, delicada homenagem à senhora dona Anna Florisbella Machado de Oliveira e Vasconcellos, esposa do Capitão José Gomes Pinheiro Vellozo. O Capitão José Gomes Pinheiro Vellozo, nasceu em 09/10/1784 na Ilha do Bom Jesus de Paquetá, Província do Rio de Janeiro. Moço, se transferiu para São Paulo, onde se casou, dando origem à família Pinheiro Machado. Na Província de São Paulo, exerceu intensas atividades. Foi político influente. Deputado Provincial. Oficial das Milícias, Capitão das Ordenanças do Imperador. Em 1842, ao lado do Regente Padre Feijó, foi um dos Chefes da revolução jugulada pelo Duque de Caxias. Esteve então, refugiado no sertão de Botucatu, onde possuía esse latifúndio que é a Fazenda Monte Alegre. O Capitão José Gomes Pinheiro Vellozo, tinha como zonas de influencia Sorocaba, Itapetininga, Botucatu e adjacências. Pelo lado paterno, José Gomes, vinha de velha linhagem lusitana, Damião Cosme Albornóz e lado materno Joaquina Roza Gomes Pinheiro Vellozo. Como foi dito foi casado com dona Anna Florisbella Machado de Oliveira e Vasconcelos, gente dos Castanho, Taques, Bicudo, Quadros, Arruda, Botelho e Mendonça,estirpe de bandeirantes de Itu, Parnaíba, São Paulo ( da velha Piratininga ). O casal Anna Florisbella-José Gomes deixou 10 filhos: Dr. Antonio Gomes Pinheiro Machado, casado com Maria Manoela de Oliveira Ayres; Leopoldina Carolina Gomes Pinheiro Machado, casada com o Alferes Hygino José da Cunha Caldeira; Anna Florisbella Gomes Pinheiro Machado,casada com o Capitão Tito Correa de Mello; Major Joaquim Gomes Pinheiro Machado, casado com Bárbara Antunes Ribas; Maria Delphina Gomes Pinheiro Machado, casada com o tenente João Baptista da Cunha Caldeira; Major Jorge Gomes Pinheiro Machado, casado com Francisca Brandina de Oliveira Machado; Capitão Manuel Gomes Pinheiro Machado (Capitão Manéco), casado com Sophia Gomes Pinheiro Machado (sua sobrinha); Major Matheus Gomes Pinheiro Machado, casado com Joaquina Roza da Cunha Caldeira; Joaquina Roza Gomes Pinheiro Machado, casada com o Senador Dr. Bernardo Augusto Rodrigues da Silva e o rábula José Gomes Pinheiro Machado, casado com Messias de Paula Machado. Essa filharada, biblicamente cresceu e se multiplicou. Deu um povão, conforme se verá nos capítulos seguintes. O Capitão José Gomes Pinheiro Vellozo, fundador de Botucatu, faleceu em 08/03/1848. Francisco Ferrari Marins, o festejado escritor botucatuense, no seu romance “Clarão na Serra”,escreveu páginas antológicas, descrevendo a odisséia do CapitãoJosé Gomes Pinheiro, quando derrotado, fugindo, caçado pelos soldados governistas, procurava galgar a serra de Botucatu, buscando os sertões do Monte Alegre. Vale a pena ler o estouro da boiada, que salvou o fugitivo. ( Correio de Botucatu – 01/07/1971 )
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