97 - OS  GUIMARÃES DE ONTEM E DE HOJE

  

            Nascido em Guimarães, no Minho, em Portugal, Antonio Álvaro Guimarães veio para o Brasil, por volta de 1890. Já casado, veio só. Deixara a esposa Tereza Fernandes Guimarães, com dois filhos – Luiza e Manoel – lá na santa terrinha, como era comum entre os corajosos imigrantes, que se aventuravam por mundos desconhecidos. Mandaria buscá-los mais tarde, quando as coisas estivessem bem encaminhadas. Isso aconteceu em 1899, quando regressou a Portugal. Liquidou seus haveres e com a esposa e filhos, rumou definitivamente para o Brasil.

              No Rio de Janeiro, onde de inicio se fixara, Antonio Álvaro Guimarães conheceu Tertuliano Alves de Camargo, que exercia suas atividades no interior paulista. A convite de Tertuliano, que posteriormente viria a ser seu sócio no ramo de construções, em 1894 mudou-se para Botucatu, atraídos pelo desenvolvimento da região. Aqui, Guimarães especializou-se na construção de terreiros de café, nas grandes fazendas que se formavam. O serviço era duro. Começava na extração e transporte das pedras, arrancadas na serra de Botucatu. Depois,  vinham a terraplanagem, construção de muros de arrimo e quadras para secagem de café. Estas eram cimentadas. E cortadas pelas canaletas, condutoras de água para distribuição do café lavado ou despolpado. Eram construções enormes, sólidas. Ainda hoje estão em uso, os magníficos terreiros construídos nas fazendas Lageado, Morro Vermelho, Monte Selvagem, Matão e outras.

            Na zona urbana, o velho Guimarães fez alinhamento de ruas da cidadezinha que crescia. Colocou sarjetas e guias nas ruas Curuzu, Riachuelo e travessas. Construiu pontes. E no seu gênero, tornou-se um credenciado mestre.

            Em Botucatu o casal Teresa e Guimarães, teve mais três filhos - Alvarina, Álvaro e Alberto. Esses filhos, netos e bisnetos, povoam a terra a que bem serviram e onde dormem o sono eterno ( falecidos octogenários ). Estudando a descendência dos Guimarães de ontem e os de hoje, encontramos a seguinte linhagem:

             Luiza, a filha primogênita. Portuguesa. Foi casada com Manoel da Silva (que era viúvo ),comerciante na Vila dos Lavradores, já falecido. Desse casamento nasceram os filhos: Orlando, funcionário público estadual,casado com Laura Martins; Tereza,casada com Alcindo Valadão, comerciante; Cecília,casada com o Corretor Alcides de Souza Freitas; Daniel, funcionário estadual, Ex-Vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Botucatu, casado com a Profa. Eurides Cassetari; Adelaide, funcionária estadual casada com Vicente Carta; Waldomiro, comerciante, casado com Nadir Barbim; Lurdes, casada com João Jaqueta Sobrinho, representante comercial; Alvarina casada com o Vereador Plinio Paganini, Presidente da Câmara Municipal de Botucatu, Diretor do “Correio de Botucatu” e da Rádio Emissora de Botucatu “PRF-8”, tendo sido Vice-Prefeito Municipal de Botucatu, em exercícios várias vezes.

              Alvarina, botucatuense, é casada com Lourenço Carmelo, industriário aposentado de tradicional família Carmelo ( da Vila dos Lavradores ), sendo seus filhos: Elza, Professora,casada com o Advogado Dr. Sebastião Figueiredo Torres; João Antonio, representante comercial,casado com Hermínia Correia,residente em Santo André; Lucila,Professora,casada com Andislan Delucci,funcionário da Cia Paulista de Força e Luz,em Botucatu. O Dr. Sebastião Torres é da família dos Noronha do Ó, fundadora de Baependy em Minas Gerais.

            Álvaro, botucatuense, Professor do Colégio Industrial “Armando de Salles Oliveira”,exímio desenhista de plantas de casas residenciais. É um artista. Casado com Eugenia Vitti Guimarães, é pai da Professora Glorinha Guimarães, que é também diplomada pela Faculdade de Música Santa Marcelina, militando na imprensa local.

             Alberto, botucatuense, industriário aposentado reside em São Paulo. Do seu casamento com Elvira Mainardes, tem os filhos: Prof. Antonio, psicólogo; Bernardete, professora; e Luiz, industriário.

            Manoel Álvaro Guimarães, português. Veio menino para o Brasil. Em Botucatu se casou com Adelina Michelucci ( a falecida e bondosa dona Nenê ), que era italiana. Dona Nenê chegou a Botucatu quando a ponta dos trilhos da Sorocabana estava em Vitoriana. De lá p’ra cá, era de carro de bois. Manoel Álvaro dedicou-se à construções; principalmente de igrejas. As matrizes de Fartura, Bernardino de Campos, São Pedro do Turvo, Pardinho e Santa Cruz do Rio Pardo foram obras suas. Mas sua maior glória foi a construção da Catedral de Botucatu, a Basílica Menor de Sant’Anna. Também construiu esse notável Instituto Santa Marcelina, a igreja de Santo Antonio em Rubião Junior ( no alto do morro ), e capelas nas zonas urbana e rural, além de bons prédios residenciais. Ao falecer, relativamente moço, seus filhos prosseguiram nas atividades construtoras. O casal Adelina e Manoel Álvaro deixou os filhos: Mário, professor, ex-diretor da Escola Senac, já falecido, deixou viúva Ida Simões; Orlando, já falecido, deixou viúva Lúcia Poli; Irmã Olga, religiosa da Congregação das Marcelinas; Oswaldo, industrial, casado com Maria Teresa de Oliveira; Oscar, industrial, casado com Isabel Cláudio Pereira; Maria de Lourdes, professora, casada com Cleófas Soler;Milton, professor, economista, agente do INPS de Botucatu, casado com Nancy Ribeiro; Manoel, contador, membro do Lions Clube, gerente do Banco Francês e Italiano em Botucatu, casado com Evanira Rubio.

 

( Correio de Botucatu,15/12/1971 )


 
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